"Os judeus controlam a mídia e o sistema financeiro. Imigrantes vêm ao país para roubar nossos empregos. Os negros são preguiçosos e cometem crimes. E a palavra 'diversidade' é um código para o genocídio branco. Precisamos garantir a existência do nosso povo e o futuro das crianças brancas. Era nisso em que eu acreditava."
A fala é do norte-americano Christian Picciolini, 44, que aos 14 anos --com baixa autoestima e sem saber qual seu lugar no mundo-- foi abordado nos EUA por um homem que o apresentou ao movimento skinhead neonazista. Durante oito anos, lembra, ele esteve associado a este grupo extremista, cometendo "atos de violência contra pessoas somente pela cor da pele, pela orientação sexual, ou o deus em quem acreditavam. Eu armazenava armas para o que considerava uma guerra racial iminente."
Com o aumento no número de relatos da violência política no Brasil, o autor de "Suástica Yankee: Eu Fui Um Supremacista Branco" (editora Seoman) concedeu uma entrevista por email ao UOL em que fala sobre extremismo e ódio. Essas palavras continuam presentes em sua vida, apesar de ter se dissociado do neonazismo aos 22 anos: Picciolini foi cofundador do projeto Life After Hate (vida depois do ódio) e hoje está à frente da Free Radicals, uma organização sem fins lucrativos que ajuda famílias no processo de desengajar indivíduos de grupos radicais --até mesmo jihadistas.